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6ª Feira da Previdência reúne especialistas para debater questões previdenciárias, finanças pessoais e bem-estar. Participantes da Funpresp contaram com assessoria para o planejamento da aposentadoria

Para quem deseja longevidade com segurança previdenciária, saúde, economia e política devem ser pensadas de forma conjunta. Ao promover um debate na convergência destas três áreas, a 6ª Feira da Previdência buscou fazer a seguinte reflexão: planejar, poupar e cuidar são os pilares para selar o melhor encontro com o futuro no momento da aposentadoria.

A Feira, realizada no último dia 22 de novembro, em Brasília, reuniu especialistas para tratar sobre perspectivas e cenários da economia do Brasil e do mundo, com foco em questões previdenciárias, finanças pessoais e bem-estar. Foram cinco palestras. O evento também contou com assessoria previdenciária gratuita, oferecida pela Funpresp aos servidores públicos federais, e serviços em saúde como teste glicemia, aferição de pressão intraocular, bioimpedância e orientação nutricional.

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O gerontólogo e presidente do ILC (International Longevity Centre) Brasil, Alexandre Kalache, foi um dos palestrantes. Ele falou sobre tendências demográficas e longevidade no Brasil. Com a pergunta “nós estamos preparados para envelhecer?”, Kalache defendeu a mudança de mentalidade para o país se tornar uma “sociedade mais acolhedora” para aquele que é seu “maior recurso”. Para ele, os idosos “precisam ser vistos como bens preciosos para o desenvolvimento, a produtividade e a competividade” da economia.

Kalache reforçou que, de acordo com levantamento do ILC, há 25 anos, o segmento que mais aumenta no Brasil é o 60+, aquele formado por pessoas com mais de 60 anos. É a chamada revolução da longevidade, como define o médico para se referir às transformações da população brasileira. Pouco antes de 2040, quando o país terá atingido o pico populacional com 230 milhões de habitantes, esse será o único estrato que apresentará crescimento.

Nesse contexto, Kalache indica a urgência de políticas de saúde pública que promovam hábitos e estilos de vida mais saudáveis para aumentar a capacidade funcional do idoso. Para quem acha que já perdeu o trem da história, o gerontólogo relembra um mantra: “quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde demais”.

Simplicidade é melhor exercício para a longevidade

Outro tema abordado durante a Feira foi como transformar o envelhecimento em uma jornada de vitalidade e conquistas. O educador físico Aurélio Alfieri, palestrante desse assunto, falou sobre a importância da prática de atividade física. Ele informou que a revista The Lancet, referência em pesquisas científicas na área médica, trouxe, em 2022, resultados de pesquisa que afirma serem necessários 5 mil passos diários para reduzir em 40% o risco de morte por qualquer causa. Com 11 mil passos, o percentual sobe para 53%.

Exercício é, portanto, o melhor remédio, sustenta o educador físico que adiciona, ao rol de evidências, o artigo publicado, em 2023, no Journal of the American College of Cardiology. De acordo com o estudo, com 2,5 mil passos, é possível diminuir em 11% o risco de morte por doenças cardiovasculares. A redução é de 60% com 8,7 mil passos.

Aurélio Alfieri orientou que “a atividade tem que ser rápida e simples”. Se o que vale é a recorrência, “depender da motivação é o caminho do fracasso”, ressaltou o especialista afirmando que, quanto menos complicada a ação, mais fácil será a sua manutenção nos momentos de baixa motivação.

Como chegamos até aqui?

Para envelhecer bem, não basta cuidar do bem-estar físico e mental. Acompanhar como está a saúde econômica e política, a partir da leitura dos cenários nacional e internacional, pode auxiliar nas decisões estratégicas do dia a dia, como o investimento em um plano de previdência ou, até mesmo, a escolha da viagem do final do ano. O tema foi abordado em palestra conduzida pela economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, e pelo consultor de risco político da Dharma Political Risk & Strategy, Creomar de Souza.

Natalie Victal traduziu aspectos técnicos relativos ao debate sobre o mercado no pós-pandemia. Para a especialista, as discussões têm oscilado entre dois focos: o receio da recessão e o temor da inflação. Traçar um prognóstico para a economia brasileira, em 2024, implica no acompanhamento do cenário político e econômico internacional. Para ela, é preciso prestar atenção não somente à evolução da taxa de juros norte-americana, mas também ao anúncio da meta de crescimento pelo governo chinês.

Com um olho no panorama econômico internacional e outro também na cena política brasileira, o consultor Creomar de Souza propôs o questionamento “como chegamos até aqui?”. Com foco no que ele avalia ser uma crise política vivenciada há 10 anos pelo Brasil, o especialista acredita que o governo atual enfrenta o desafio de acomodação dos interesses diversos tendo em vista o modelo de democracia pluripartidária adotado no país.

“O Poder Executivo não é mais a força central na tomada de decisão. Isso significa que nenhum governo vai governar sozinho”, adverte acerca da necessidade de ajustes na política tradicional. Na avaliação do consultor, a criação da previdência complementar é um bom sinal da flexibilização político-econômica em decorrência da mudança demográfica vivenciada na população brasileira.

Ser previdente é o caminho para as novas gerações

Embora a longevidade seja, em princípio, apenas uma evidência estatística de que as pessoas estão vivendo mais, ela está intimamente ligada à previdência complementar. É o que ressaltou o diretor de Seguridade da Funpresp, Cícero Dias, ao introduzir, durante palestra, um questionamento: “a dúvida é se as pessoas estão vivendo mais e melhor, se a gente está adicionando mais anos à vida ou mais vida aos anos”.

Reforçando a importância de incutir, no comportamento do servidor público federal, a “cidadania financeira”, o diretor de Seguridade ainda destacou algumas contradições. Por mais paradoxal que possa soar, “as pessoas ainda se preocupam mais em ter um seguro de carro do que de vida ou de previdência”.

Mas “o futuro depende de nossa preparação”, ressaltou Dias, apontando um desafio para as entidades gestoras da previdência complementar dos servidores públicos: “A gente vende um produto intangível”. Para ele, o papel da Funpresp é de cuidado com o servidor. “Se a gente não está suportado para a longevidade financeira, para a saúde financeira, a gente não vai ter saúde, a gente não vai conseguir viver bem. A gente não vai conseguir existir”, conclui.

A falta de educação previdenciária é outro empecilho, como avaliou o diretor-presidente da Funpresp-Jud, Amarildo de Oliveira. Muitas vezes, somente no momento de finalização da vida profissional, o servidor consegue avaliar como a proteção oferecida pela Funpresp é benéfica. “Só então, ele consegue entender que terá condições de se manter com muito mais qualidade de vida”, destaca.

Gestão previdenciária

A quinta e última palestra foi ministrada pelo especialista em marketing digital e comunicação Dado Schneider. Para ele, “o aumento da aceleração da velocidade da mudança” provocado pela tecnologia digital impõe uma atualização constante às novas ferramentas, aos novos conhecimentos e às novas práticas. Schneider afirma que “a maneira como trabalhamos hoje não é remotamente similar ao jeito que vamos trabalhar daqui cinco anos”.

A junção da mudança constante da tecnologia com o prolongamento da longevidade faz com que estejamos vivendo atualmente a “adolescência do futuro do trabalho”. Enquanto os atuais profissionais que já atuam no mercado de trabalho podem ser considerados “adultos inéditos”, surge uma nova geração, a chamada geração do dedinho da IA (inteligência Artificial). Schneider avalia que “estamos na adolescência do futuro do trabalho”.