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Gerir os investimentos dos participantes requer um olhar apurado não somente para o cenário econômico, mas também para questões técnicas dos mercados que impactam diretamente na rentabilidade esperada dos ativos financeiros. Além disso, ao se analisar investimentos, é preciso levar em consideração a segurança de que esse retorno será efetivamente entregue pelo ativo e ponderar se ele é compatível com o risco em que se incorre ao realizar o investimento. Estes são, em essência, os pontos avaliados pela diretoria de Investimentos da Funpresp na escolha das melhores opções para aplicar as reservas dos participantes. 

O diretor de Investimentos da Fundação, Gilberto Stanzione, aponta que a diversificação do portfólio, por meio de uma combinação de ativos de baixo risco – como títulos públicos – com carteiras diversificadas de ativos de renda variável, com perspectivas de maiores retornos, é uma maneira de buscar aumentar a rentabilidade da carteira de forma segura. “Esse cuidado é fundamental para o bom desempenho do portfólio, inclusive, em momentos de crise”, afirma.  

Nesta entrevista, Stanzione faz apontamentos que ajudarão os participantes a compreender sobre a rentabilidade dos seus investimentos e a analisar as variáveis determinantes para alcançá-la.

Confira abaixo a íntegra do bate-papo. 

1-    Como ficou a rentabilidade dos investimentos da Funpresp no primeiro trimestre de 2022? 

A rentabilidade consolidada da Funpresp no primeiro trimestre foi de 3,1%, ficando um pouco abaixo do índice de referência (IPCA + 4% a.a.) do plano, que foi de 4,2%. O índice de referência subiu muito por conta da inflação do trimestre, enquanto o resultado do plano foi negativamente impactado pela alta das taxas de juros dos títulos públicos federais nos meses de janeiro e fevereiro, que em grande medida decorreu do combate a essa inflação por parte do Banco Central, mas também de incertezas na seara fiscal. Março, contudo, foi um mês de forte recuperação para os investimentos da Funpresp, atingindo um rendimento de 2,3%. 

2- Como a Funpresp define onde aplicar os recursos dos participantes? 

O critério mais importante é a segurança do investimento. A Funpresp investe mais de 80% do seu patrimônio em títulos públicos ou operações lastreadas em títulos públicos (indexadas à taxa básica de juros – Selic). Esse tipo de aplicação possui risco muito baixo, praticamente nulo, quando corretamente administrado.  

Para incrementar o retorno da carteira sem elevar significativamente o risco, busca-se a diversificação a partir de um mix de ativos em si já diversificados, como índices acionários locais e do exterior.  

Tudo isso é realizado a partir de uma leitura atenta dos mercados em busca de oportunidades, ou seja, comprar quando os preços estiverem baixos e vender quando os preços estiverem altos. 

 
3- O que os participantes devem levar em consideração para compreender os dados divulgados periodicamente sobre a rentabilidade da Fundação? 

É sempre importante considerar os resultados de modo relativo, não absoluto. O resultado da carteira vai sempre ser uma média dos resultados dos diversos ativos (títulos públicos, privados, ações etc.) que a compõem.  

Então, não há muitas maneiras pelas quais a carteira possa ter desempenho muito descolado dos resultados dos mercados onde esses ativos são negociados, que podem ser acompanhados por intermédio de diversos índices (Ibovespa, S&P 500, IMA-B, etc.).  

Também é preciso ter em mente que os ativos prefixados de renda fixa não fornecem de fato uma renda fixa quando se trata do curto prazo, eles só fornecem renda fixa no prazo que decorre até o seu vencimento. Além disso, os ativos pós-fixados dessa mesma classe dependem da definição de valores de índices como a Selic ou a inflação num determinado período. Então, mesmo uma carteira composta de ativos de renda fixa sofre muitas variações de rentabilidade ao longo do tempo. 

 
4- Na última década, houve um aumento significativo na busca por investimentos, principalmente, em ações e títulos públicos. Neste momento de incerteza econômica mundial, quais investimentos você acha que devem estar no radar dos nossos participantes? 

A incerteza no ambiente econômico é uma constante, mas este momento em particular é um momento de alta de taxas de juro no Brasil e no mundo, por conta da inflação global, o que favorece os investimentos em renda fixa em detrimento da renda variável. Contudo, a Bovespa, em particular, se beneficiou muito da alta da Selic, que ajuda o setor bancário, e da alta dos preços das commodities (especialmente energia e alimentos) no início desse ano.  

Então, não é o caso de zerar a exposição na Bovespa para ir apenas para os títulos, mas talvez alterar a composição dos portfólios um pouco mais em direção à renda fixa. No caso da Funpresp, o movimento de realocação nesse começo de ano foi basicamente realizado da renda variável no exterior, com exposição cambial, para a renda fixa, e tem sido uma estratégia muito bem sucedida até agora.