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O planejamento da aposentadoria pode se iniciar antes mesmo da entrada no mercado de trabalho 

Dizem que amadurecemos quando paramos de sofrer por amor e começamos a sofrer por dinheiro. Mas nossa relação com o dinheiro precisa ser sempre tão sofrida? E se o planejamento das receitas e despesas, além daquele dinheiro para o futuro ou uma emergência, começar antes mesmo de entrarmos no mercado de trabalho? 

Durante o workshop “De dependente a previdente”, de educação previdenciária para estudantes universitários promovido pelo Centro Acadêmico de Contabilidade da Universidade de Brasília (UnB), o professor Cícero Dias, diretor de Seguridade da Funpresp, sugeriu que os alunos pensassem sobre como se enxergavam daqui a 20, 30 ou 40 anos. Trabalhando? Aposentados? Morando na praia? Qual seria a aposentadoria dos sonhos daqueles jovens? 

Igor Frazão, 21 anos, estudante de Contabilidade na UnB, faz estágio no Governo do Distrito Federal e já guarda 20% do que ganha para algum imprevisto. “Já penso no futuro, meu pai é economista e sempre me falou sobre a importância de poupar dinheiro. Daqui a um ano, vou ter um ano a menos de vida, né? Acho que quanto mais tivermos isso em mente, mais fácil será. Imagino que em minha aposentadoria terei uma boa condição financeira”. 

Já para Ágata de Lima, 20 anos, estudante de Ciência Política, o futuro assusta um pouco: “Tenho tanta coisa pra fazer agora que acabo não pensando muito no futuro. Não sei muito bem o que eu vou fazer quando eu sair da faculdade. Tenho muita preocupação em manter a qualidade de vida que eu tenho hoje durante a minha aposentadoria, mas ainda não sei como fazer isso”. 

Emily de Oliveira, 22 anos, que também estuda Contabilidade, diz que se preocupa em guardar dinheiro para o futuro. “Minha família não tem o hábito de guardar dinheiro e isso sempre me assustou um pouco”, conta. 

Cícero lembrou que atualmente mais de 70% dos aposentados brasileiros continuam trabalhando para complementar a renda. O Diretor de Seguridade da Funpresp destacou que a falta de planejamento pode deixar qualquer um em situações vulneráveis, como a perda da capacidade de trabalhar com o passar dos anos, a dependência de terceiros para fazer tarefas básicas do dia a dia e, até mesmo, a morte precoce. 

Para piorar, os brasileiros continuam muito endividados. Em 2022, o endividamento no país bateu recorde, com 77,9% de famílias se declarando endividadas na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).  

Educação financeira e previdenciária 

“Dinheiro serve pra proporcionar segurança, conforto e prazer. E o dinheiro vem pela educação financeira”, destaca o Especialista em Educação Financeira Álvaro Modernell. Álvaro lembra que educação financeira não é apenas aquele cofrinho que o filho ganha de presente do pai para as moedinhas, mas um hábito: “A Educação Financeira é todo um conjunto de orientações sobre posturas, valores e atitudes adequadas no planejamento e uso dos recursos financeiros pessoais e familiares”. 

Já a Educação Previdenciária ajuda no planejamento e no acúmulo das reservas financeiras que possibilitarão a preservação do padrão e da qualidade de vida no futuro. Isso porque geralmente, a partir dos 65 anos, a maioria das pessoas depende de boas condições de saúde, psicológicas e financeiras para passar pela terceira idade da melhor maneira possível. 

E, na correria do dia a dia, já na vida adulta, pouca gente reflete sobre o quanto a educação financeira e, a partir dela, a educação previdenciária, podem proporcionar a tranquilidade e a prosperidade que trarão mais qualidade de vida na velhice, na aposentadoria. Fomos às ruas de Brasília (DF) e vimos que não são muitos os que estão realmente se planejando para a aposentadoria. Confira no vídeo a seguir: 

Por onde começar? 

Veja algumas dicas: 

  • O dinheiro que você irá guardar para emergências ou para o futuro deve ser retirado de sua receita antes mesmo do pagamento de qualquer despesa. Há uma regrinha bastante difundida para ajudar, a regra 50-35-15: usar 50% do salário para contas fixas, 35% para custos variáveis e 15% para guardar; 
  • Parece óbvio, mas evite comprar por impulso. Evite ir a shoppings, mercados ou navegar em sites de compras quando estiver triste, com fome ou estressado; 
  • Um pequeno sacrifício hoje pode fazer uma grande diferença no futuro; 
  • Cuidado com os gastos no cartão de crédito. Provavelmente amanhã você não se lembrará do que comprou ontem no cartão; 
  • Guarde o valor que puder, mas comece o mais cedo possível.